domingo, 5 de dezembro de 2010

Christian Dior

Christian Dior


   Christian Dior nasceu em Granville (cidade portuária da Mancha), na França, no dia 21 de janeiro de 1905. Sua família tinha uma boa situação financeira na época, o que lhe garantiu uma infância e adolescência tranquilas. . Logo cedo, o francês se interessou por desenho, mas por influência do pai resolveu estudar Ciências Sociais com a intenção de seguir a carreira diplomática. Após terminar o curso, viajou pela Europa e em 1927, abriu uma galeria de arte com amigos e expôs obras de artistas como Jean Cocteau, Christian Bérard e Dufy.
   A crise de 1929 trouxe problemas financeiros para os negócios da família Dior e em 1934, Christian foi vítima de uma grave doença. Como já não podia mais contar com o dinheiro da família, em 1935, já recuperado, começou a desenhar croquis para o "Figaro Illustre". jornal que os publicavam semanalmente na seção de alta-costura. Após conseguir vender uma coleção de desenhos de modelos de chapéus, começou a fazer croquis de roupas e acessórios para várias maisons de Paris, até que, em 1938, Christian Dior realmente iniciou sua carreira no universo da alta-costura, como assistente do estilista suíço Robert Piguet (1901-1953).
   Após, foi convocado para a guerra que explodiu na Europa. Quando voltou, em 1941, foi trabalhar na maison do estilista francês Lucien Lelong (1889-1958).
   Em 1946, já famoso, abre seu ateliê com a ajuda financeira do então poderoso empresário de tecidos, Marcel Boussac. O ateliê ficava na Avenida Montaigne, número 30, onde a casa Dior fica até hoje.

   Sua primeira coleção foi apresentada no dia 12 de fevereiro de 1947 e causou um verdadeiro estardalhaço entre a imprensa. Ao ver os modelitos, a editora de moda Carmel Snow se surpreendeu e exclamou: “It’s a new look!” (É um novo visual!) e assim batizou a silhueta que ditou a moda feminina da época. Aquele homem tímido e educado havia criado o eterno "New Look" . Surgia aí um mito, Christian Dior, que viria se tornar sinônimo de sofisticação e elegância no luxuoso mundo da alta-
costura.
   Em sua primeira coleção, Dior conseguiu mudar todo o conceito de praticidade e simplicidade das roupas femininas, até então uma necessidade dos tempos de guerra e uma tendência da moda criada por Chanel. Após tantos anos de restrições, a mulher necessitava se sentir novamente feminina e ansiava pela elegância e o luxo perdidos. As coleções impecáveis de Dior viraram sinônimo de elegância e sofisticação com saias e vestidos que ficavam a exatos 40 centímetros do chão, seguindo a regra criada pelo estilista. Dior acertou e criou modelos extremamente femininos, inspirados na moda da segunda metade do século 19. Os vestidos e saias eram mais longos, o busto mais acentuado, a cintura bem marcada e as saias amplas.




   Apesar das críticas, com relação a grande quantidade de tecido usado por ele para a confecção de vestidos e saias, ainda num momento difícil para a indústria têxtil, nunca um estilo de roupa chegou tão rápido às ruas. Mulheres de todas as partes do mundo copiaram seus modelos. Tinha clientes fiéis e famosas, como a princesa Grace Kelly de Mônaco e a atriz Marlene Dietrich.
   O modelo que se tornou o símbolo do "New Look" foi o tailleur Bar, um casaquinho de seda bege acinturado, ombros naturais e ampla saia preta plissada quase na altura dos tornozelos. Luvas, sapatos de saltos altos e chapéu completavam o figurino impecável. Com essa imagem de glamour, estava definido o padrão nos anos 50.
              O "tailleur Bar", símbolo da primeira
               coleção assinada por Christian Dior                       
Croqui
                  
         Em 1997, numa edição comemorativa limitada, a Barbie, boneca mais vendida no mundo, foi vestida com o famoso "tailleur Bar" de Christian Dior.


O "tailleur Bar", símbolo da primeira coleção assinada por Christian Dior


   Em 1949, Christian Dior já tinha uma casa de prê-à-porter de luxo em Nova York, o perfume "Miss Dior" - lançado em 1947 e um clássico até hoje - e estava pronto para assinar os primeiros contratos de licença com sociedades americanas, o de meias e o de gravatas.
   Em sua coleção de 1951, o estilo princesa ficou consolidado como sua marca, mas a novidade foi o uso do terno masculino em roupas femininas. Dior apresentou um tailleur em lã cinza, que expressava todo o conceito de masculinidade, transportado às roupas femininas. Criou a linha H, em 1954, que era a base de toda a coleção, com modelos que erguiam o busto ao máximo e baixavam a cintura até os quadris, criando a barra central da letra H. Também criou modelos luxuosos, com muita seda e tule bordado com incrustações drapeadas, como no vestido de baile "Chambord", que para ele significava o luxo ao redor da cintura, além dos vestidos de tecidos diáfanos, com várias saias sobrepostas e comprimentos variados. A linha Y surgiu em 1955 e mostrava um corpo esguio com a parte superior mais pesada, com golas grandes que se abriam em forma de V e a "Linha A" trouxe vestidos e saias que se abriam a partir do busto ou da cintura para formar os dois lados de um A.
   Ainda em 1954, Londres ganhou uma sucursal da grife e uma butique foi anexada à maison de Paris.
   Mais tarde, surgiram echarpes, lenços de seda, luvas, bijuterias e lingeries com a assinatura Christian Dior, além das sucursais em Caracas, Austrália, Chile, México e Cuba.
   Durante dez anos, Christian Dior foi o estilista mais cultuado e admirado no mundo da moda, suas criações foram sucesso e seu nome associado a elegância e refinamento.
   Christian Dior morreu em 24 de outubro de 1957, na estação termal Toscana de Montecatini, na Itália, deixando um verdadeiro império do luxo construído, com 28 ateliês e 1.200 empregados. Sua marca fica aos cuidados de seu jovem assistente, Yves Saint Laurent, até 1962. Em seguida, vieram Marc Bohan, Gianfranco Ferré até que em 1997, chega à direção o irrevente estilista John Galliano com seu jeito audacioso, olhar apurado e muito glamour, ele conseguiu manter a marca Christian Dior como uma das mais respeitadas da alta-costura.
   Fortes referências da marca CD até hoje, e que ficaram famosas durante os anos 50, são as estolas, as mangas três quartos, além do conjunto em tons pastéis de cardigã, blusa e saia de crepe.
   No Brasil, a loja Christian Dior, em São Paulo, é a única da América Latina e foi inaugurada em 1999.

Vestido "Cyclone" em tafetá, Christian Dior,
da linha Ailée, de 1948


   Christian Dior era um inovador de moda,como demonstra a sua coleção New Look ,que trouxe arrebatamento e formas inéditas para vestir a silhueta feminina do pós guerra. Afirmava que: "Perfume é o complemento indispensável da personalidade feminina, é o finishing touch de um vestido, é a rosa com que Lancret assinava suas telas".
Fernanda Morel

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